sábado, 1 de fevereiro de 2014

Aquecimento global : causas consequencias e combate

Nossa influência sobre o efeito estufa, riscos associados às mudanças climáticas e contribuições possíveis para redução de danos

O mundo está se tornando mais quente.

Mas esse é um processo natural da Terra

ou decorre da ação humana? Há muita

discussão em torno do assunto, mas é

sempre bom esclarecer o que é o efeito

estufa,processo que o vídeo acima,

produzido na parceria entre a Agência

Espacial Brasileira e o Instituto Nacional

de Pesquisas Espaciais, conceitualmente

introduz e onde a influência humana

efetivamente ocorre.

Como observado, é um processo que

ocorre quando a radiação infravermelha

na superfície terrestre, que por sua vez

tem origem na luz do sol, é absorvida por

gases presentes na atmosfera,

principalmente o vapor de água (H 2 O) e

o dióxido de carbono (CO 2 ), mas outros

gases como o metano (CH 4 ), o óxido

nitroso (N 2 O) a família dos CFCs (CF x Cl x )

se apresentam como fortes captadores

de radiação infravermelha e

potencializadores do efeito estufa. Esse

conjunto de gases são, portanto,

chamados de Gases de Efeito Estufa ou

GEE.

O efeito estufa em si é um processo

fundamental para a vida na Terra já que

faz com que o planeta se mantenha

aquecido, mas o aumento significativo

das emissões de gases do efeito estufa

associado a outras ações também

promovidas pela atividade humana,

como o desmatamento de florestas por

exemplo, têm sido determinantes,

acredita-se, no desequilíbrio do balanço

de energia do sistema terra atmosfera

ocasionando maior retenção de energia e

o aumento do efeito estufa,com o

aquecimento da baixa atmosfera e

aumento da temperatura média do

planeta e possíveis distorções

ambientais. O aquecimento global se

tornou um dos maiores problemas da

Terra, com efeitos que podem ser

catastróficos.

Estudos e previsões

Se a ação humana não é a única, seu

impacto é inegável. A discussão sobre a

determinância ou não da ação antrópica

(do homem) sobre as mudanças

climáticas, mesmo que a sólida maioria

da classe científica reconheça sua

gravidade, parece ingênua. É fato

evidente que a ação antrópica impõe

danos graves ao seu próprio habitat e as

consequências negativas reiteradamente

se comprovam nos mais variados

aspectos, seja na alarmante redução da

biodiversidade, exploração desmedida

de recursos naturais e sobremaneira na

geração poluentes a níveis inaceitáveis

para um sociedade que se diz civilizada.

Dados comprovam que, inegavelmente,

o planeta está mais quente, década após

década. No entanto, não existem

pesquisas definitivas sobre os reais

danos no longo prazo estabelecidos pela

relação entre aquecimento global e

aumento de emissões, que na verdade,

podemos interpretar como poluentes

lançados deliberadamente no ar. Por

outro lado, estudos já relacionam a

ocorrência de partículas poluentes no ar,

dentre outros problemas, ao

desenvolvimento de autismo em

crianças,inflamação dos vasos

sanguíneos e até a problemas durante a

gestação.

Em se tratando dos reflexos do

aquecimento global sobre o planeta,

cientistas da Universidade de Bristol,no

Reino Unido, publicaram estudo na

revista Nature que estima um aumento

no nível do mar poderia se dar na ordem

de 90 centímetros até o ano de 2100, por

conta do derretimento de geleiras e da

expansão das águas do oceano causados

pelo aumento do calor. O aumento do

nível do mar acarretaria em

desaparecimento de ilhas e até países

inteiros, além de prejuízos para cidades

litorâneas, causados pelo

desaparecimento de áreas mais baixas.

Outro estudo sugere que as mudanças

climáticas podem aumentar o número de

erupções vulcânicas. Ao analisarem o

ultimo milhão de anos, pesquisadores

conseguiram estabelecer uma relação

direta entre mudanças climáticas e o

consequente derretimento de geleiras,

com o aumento de atividades vulcânicas.

Isso pelo fato de que, com o aumento da

quantidade de água nos oceanos

causado pelo derretimento, a pressão

sobre o solo oceânico aumenta, fazendo

com que as chances de erupções

aumentem.

Uma pesquisa,liderada por Nigel Arnell,

diretor Instituto Walker da Universidade

de Reading,demonstra que ao

estabelecer políticas que garantam o

aumento de temperatura em 2ºC até

2100, os impactos ambientais seriam

reduzidos em até 65%. Atualmente, a

previsão é que, até o fim do século, o

mundo estará 4º C mais quente.

A gravidade da situação pode ser aferida

no flagrante engajamento das

corporações em relação ao tema. Em

relatório encomendado pelo Fórum

Econômico Mundial,intitulado Global

Risks 2013,o efeito estufa já é

reconhecido como o terceiro maior risco

global por conta dos grandes fenômenos

climáticos de 2012 como o furacão Sandy

e as enchentes na China. A indústria

seguradora é um bom exemplo disso,

acompanha com apreensão a crescente

sucessão de desastres naturais que

impactam,direta e imprevisivelmente, o

risco de suas operações.

Onde está o problema e o que fazer a

respeito

A conscientização e a mudança de

atitude são o mais importante quando o

assunto é aquecimento global. Para

contribuir com a diminuição de emissão

de gases do efeito estufa, em primeiro

lugar é preciso saber onde estão esses

gases.

O dióxido de carbono é encontrado

principalmente na queima de

combustíveis fósseis como a gasolina,

diesel e carvão. Para evitar esse tipo de

poluição, a redução do uso deliberado do

automóvel parece ser um bom caminho,

a despeito das políticas industrial,

econômica e urbana em nosso país

caminharem em sentido exatamente

oposto. Bicicletas são boas opções para

deslocamentos de curta distância e nas

longas, caronas e transporte público de

qualidade, sobretudo trens e metrô, que

utilizam fontes renováveis de energia, as

melhores alternativas. A sermos capazes

de nos mantermos como um país cuja

matriz energética se baseie

fundamentalmente em energia

renovável, nosso caso hidrelétrica,

estímulos ao barateamento da tecnologia

de veículos elétricos e à migração do

parque automotivo para veículos

híbridos ou elétricos seria mudança

importante.

O uso maciço de fertilizantes

nitrogenados na agricultura é também

um forte amplificador do efeito estufa,

uma vez que além de exigirem grandes

quantidades de energia em sua

produção, quando aplicados ao solo

desprendem nitrogênio na atmosfera. O

gás,combinado ao oxigênio dá origem

ao óxido nitroso, um poderoso GEE,cujo

potencial de retenção de calor na

atmosfera é de ordem 300 vezes

superior à do dióxido de carbono (CO 2 ).

Neste caso as alternativas para redução

de danos ainda são limitadas. Tecnologia

desenvolvida pela Embrapa, a fixação

biológica de nitrogênio é um emprego

interessante e atualmente aplicada na

produção de soja, embora sua

abrangência ainda se revele limitada.

Ocorre que as tecnologias para absorção

deste nutriente, o nitrogênio, ainda não

incorrem em escala suficiente para a

redução material dos danos causados

pelo processo atual, restando como

alternativa básica a eficiência na

aplicação dos adubos, ou seja, a menor

quantidade possível para obtenção dos

melhores resultados agrícolas esperados.

O cenário de crescimento da população

mundial e a condição de nosso país

como uma das maiores fronteiras

agrícolas no planeta agrava o quadro e

recomenda emergência no surgimento

de novas técnicas de produção.

Já o metano, GEE cerca de 20 vezes mais

potente que o dióxido de carbono na

retenção de calor na atmosfera, a ela

chega de diversas formas, dentre as

quais via: emanação através de vulcões

de lama e falhas geológicas,

decomposição de resíduos orgânicos,

fontes naturais (ex: pântanos), na

extração de combustível mineral (a

exemplo do gás de folhelho

via fraturamento hidráulico extraído do

folhelho negro), fermentação entérica de

animais (herbívoros,carnívoros e

onívoros), bactérias e aquecimento ou

combustão de biomassa anaeróbica. Em desses casos somos capazes de reduzir essas emissões através de práticas de consumo mais sustentáveis. Com relação à decomposição de resíduos orgânicos, a biodigestão e a compostagem são consideradas tecnologias mitigadoras por reduzirem as emissões GEE por tonelada de resíduo tratado, a primeira com a vantagem de gerar energia como subproduto e a seguinte na geração de fertilizante. A adoção progressiva de fontes de energia renováveis e menos poluentes, como eólica e solar em substituição às fontes fósseis e a redução no consumo de carne animal perfariam um conjunto de iniciativas capazes de reduzir materialmente os danos associados às emissões de metano originadas no
consumo.Embora o consumo de CFCs(clorofluorcarbonetos) tenha sido regularmentarmente eliminado no país, ainda estão em operação equipamentos de refrigeração e ar condicionado que operam à base desses gases nocivos. Alternativamente aos CFCs, sob o
argumento de serem 50% menos
destrutivos à camada de ozônio,surgiram os HCFCs (hidroclorofluorcarbonos), solução também para a indústria, já que a cadeia de produção para elaborá-lo era similar à dos CFCs. Por outro lado a nova solução, baseada nos gases chamados fluorados, representa grande contribuição para o aquecimento global por se tratar de poluente milhares de vezes mais prejudicial do que o dióxido de carbono, o que levou a União Européia a pressionar por seu banimento em favor de alternativas naturais não sintéticas, como a amônia ou o próprio dióxido de carbono, que têm altas propriedades de resfriamento quando usados para este fim. No Brasil encontra-se em curso o Programa Brasileiro de Eliminação de HCFCs com objetivo de cumprir um cronograma para a eliminação destes gases e que estabelece o congelamento dos níveis de produção e importações em 2013, sua redução em 10% até 2015, e o banimento total em 2040.

Por fim, ainda há uma medida importante a ser tomada e que diz respeito ao caráter político de nossa vida em sociedade. Um cidadão consciente e ambientalmente educado reúne a argumentação e as condições necessárias para, além das melhores escolhas em seu consumo particular, imprimir equivalente seletividade em suas opções relacionadas à representatividade legislativa e executiva.

Sobre sua capacidade de articulação em sociedade para a cobrança sobre políticas ambientais consistentes e ações das autoridades que elege, como investimentos em mobilidade urbana de qualidade, regulamentações e fiscalização de emissões, desmatamento de florestas, preservação da biodiversidade, fomento a pesquisas, enfim, uma atitude que contribua para a construção de condições mais equilibradas e dignas ao convívio das espécies entre si e com o meio que habitam.

Vídeo: AEB - Agência Espacial Brasileira /INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais MCT

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