Maior floresta tropical do mundo, a Amazônia tem evitado que os efeitos do aquecimento global sejam mais intensos em todo o mundo, graças a sua capacidade de absorver mais dióxido de carbono (CO2) do que emite, fator que ajuda a frear as mudanças climáticas.
A conclusão consta de um novo estudo feito pela Nasa em parceria com diversas universidades e instituições como a Embrapa – e soluciona uma questão que envolve a vida e a morte das árvores da floresta: o equilíbrio global de carbono.
Ao crescerem, as árvores absorvem CO2 da atmosfera e estocam o gás no caule, ao passo que ao morrerem liberam o gás de efeito estufa de volta pela decomposição. A questão que por muito tempo intrigou os cientistas era saber o saldo dessa relação.
Publicada na terça-feira, 18 de março, na revista Nature Communications, a pesquisa é a primeira a medir as mortes de árvores causadas por processos naturais em toda a floresta amazônica, mesmo em áreas remotas.
Metodologia do estudo
O principal autor do estudo, Fernando Espírito Santo, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, criou novas técnicas para analisar por satélite o ciclo amazônico. Ele descobriu que a cada ano, as árvores amazônicas mortas emitem cerca de 1,9 bilhão de toneladas de carbono para a atmosfera.
Para comparar isso com a absorção de carbono da Amazônia, os pesquisadores usaram censos de crescimento da floresta e diferentes cenários de modelagem.
Em todos os cenários, a absorção de carbono pelas árvores vivas compensa as emissões das árvores mortas, indicando que o efeito predominante em florestas naturais da Amazônia é a absorção.
Até agora, os cientistas só tinham sido capazes de estimar o balanço de carbono da Amazônia a partir de observações limitadas em áreas florestais pequenas chamadas parcelas.
Tempestades intensas
Nessas parcelas, a floresta retira mais carbono do que emite, mas a comunidade científica tem debatido o quão bem as parcelas representam todos os processos naturais na vasta região amazônica.
Esse debate começou com a descoberta, na década de 1990, de que grandes áreas da floresta podem ser “abatidas” por tempestades intensas em eventos chamados blowdowns.
Ao correlacionar dados de satélite e instrumentos de observações terrestres, o pesquisador e seus colegas elaboraram métodos para identificar árvores mortas em diferentes tipos de imagens de sensoriamento remoto.
“Nós descobrimos que grandes distúrbios naturais – o tipo não capturado por parcelas – têm apenas um efeito pequeno sobre o ciclo do carbono em toda a Amazônia”, destacou Sassan Saatchi de JPL, um dos co-autores do estudo.
A cada ano, cerca de 2% de toda a floresta amazônica morre de causas naturais. Os pesquisadores descobriram que apenas cerca de 0,1% dessas mortes são causadas por blowdowns.
Os pesquisadores analisaram apenas os processos naturais no ciclo de vida das árvores. Ficou de fora, por exemplo, os resultados das atividades humanas, como o desmatamento e queimadas, que variam rapidamente com a mudança das condições politicas e sociais da região.
(EcoD)
Fonte : http://www.mercadoetico.com.br/
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