Fotografia © Global Imagens
Os indicadores mais recentes mostram que em Portugal a maioria dos resíduos domésticos são recolhidos de forma indiferenciada (85%). O Algarve é a região onde a recolha seletiva tem mais expressão, com 27% do total. Nos lugares opostos encontram-se o Alentejo e o Centro com 12% e 11%. Os dados revelam que nem tudo depende da separação do lixo em casa. Mas há explicações para este 'fraco' desempenho dos sistemas de recolha.
Cada português produz 512 quilos de lixo por ano, dos quais mais de 400 quilos (85%) seguem no camião dos resíduos indiferenciados. Os dados relativos a 2010, só disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no final de 2011, são claros e mostram que Portugal continua sem conseguir dar a resposta adequada à cada vez maior produção de lixo urbano.
O Algarve é a região do País onde a recolha seletiva é mais generalizada, atingindo os 27%. Lisboa não chega a recolher separadamente 20% do total, enquanto a zona centro e o Alentejo são as que menos recolhem o lixo separadamente, com 11% e 12%, respetivamente. Dados que demonstram que o problema da separação não está só na ausência de triagem em casa mas também nos sistemas de recolha.
"As autarquias têm de perceber que para conseguirem que os seus munícipes separem o lixo, elas precisam de dar algo em troca. De colocar ecopontos e de fazer mais recolha seletiva porta a porta", explicou Rui Ribeiro, ex-vereador da câmara de Cascais e ex-administrador da empresa intermunicipal Tratolixo. Por outro lado, o especialista assegura que nem sempre se trata de mau funcionamento dos sistema de recolha e tratamento do lixo: "Hoje mais de 50% desses sistemas recebem fora de horas o financiamento das autarquias. Mesmo assim muito foi feito nos últimos 20 anos, desde logo a eliminação das lixeiras." De facto, segundo o INE, a média nacional de recolha seletiva ronda os 15%, quando em 2002 era 5%.
Ainda de acordo com Rui Ribeiro, o lixo que não é separado logo em casa dificilmente pode ser reciclado. A mistura dos materiais inviabiliza o reaproveitamento, como é o caso do plástico. Não sendo reciclados, existem duas saídas "verdes" para o lixo indiferenciado: valorização energética e valorização orgânica, ou seja, o aproveitamento desse lixo para produção de energia elétrica ou adubos.
Mas a percentagem de lixo reaproveitado é ainda muito pequena. Se tivermos em conta o total dos resíduos urbanos produzidos no nosso País (independentemente do tipo de recolha) - 5,3 milhões de toneladas em 2010 -, só dois milhões são aproveitados para valorização energética, orgânica ou reciclados, o que permite concluir que mais de metade vai entupir os aterros nacionais.
Fonte : http://www.dn.pt
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