quinta-feira, 11 de julho de 2013

Portugal é o país da Europa que mais incinera e menos recicla

Portugal é o país da Europa que mais opta pela incineração de resíduos em detrimento da reciclagem, uma tendência que os ambientalistas querem inverter, disse hoje a associação Quercus, na véspera do Dia Mundial do Ambiente.
"Infelizmente continuamos a deparar-nos com um cenário em que a incineração é vista como a solução mais eficaz para o destino final dos resíduos, quando não é bem assim", referiu à agência Lusa Rui Berkmeier, da associação ambientalista Quercus.
De acordo com o responsável, a taxa de resíduos incinerados em Portugal é de 20 por cento, enquanto a de reciclados se situa nos 15 por cento, um número que faz do país aquele que na Europa mais opta pela solução incineração em detrimento da reciclagem.
Rui Berkemeier contesta esta tendência e alerta para a dependência excessiva que as autarquias têm em relação às incineradoras e cimenteiras, as quais, assegura, têm feito do lixo um negócio bem rentável.
"Se formos a avaliar bem, existe um claro prejuízo para as Câmaras Municipais que se vêem obrigadas a recorrer a este sistema, nomeadamente despesas de transporte, chegando a custar 30 euros por cada tonelada que enviam", referiu.
O ambientalista apontou a existência de sistemas alternativos à incineração que são capazes de garantir uma taxa de reciclagem superior à existente e justificou o desconhecimento dessas alternativas com a existência de "interesses encapotados".
Como alternativa à incineração, o ambientalista defende a aposta no sistema de tratamento mecânico biológico, um método que combina processos de triagem com tratamento biológico como a compostagem e a digestão anaeróbia (degradação biológica da matéria orgânica).
Outra alternativa apontada pelo ambientalista é a vermicompostagem, um processo que consiste na degradação da matéria orgânica com recurso a minhocas.
"Este processo começa a crescer cada vez mais, e ainda bem, porque aponta para taxas de recuperação de resíduos a rondar os 80 por cento", garantiu.
Segundo o ambientalista, há já várias empresas a funcionar em Portugal e que são "excelentes exemplos" da eficácia destes sistemas.
Rui Berkmeier defendeu também a aposta na recolha selectiva porta à porta em vez dos Ecopontos, porque segundo o ambientalista apresenta melhores resultados.
"Temos dados que comprovam que nos sítios onde se opta pela recolha porta à porta há mais adesão do que naqueles em que se coloca apenas um Ecoponto. No entanto, só dois por cento da população beneficia dessa recolha", lamentou.
Rui Berkmeier considerou ainda que a meta estabelecida pelo Ministério do Ambiente de reciclar 30 cento do total de resíduos é "muito baixa para aquilo que pode verdadeiramente fazer".
O ambientalista da Quercus sublinhou ainda que o Governo não dispõe de um quadro de caracterização dos resíduos, considerando ser importante a sua criação para um melhor planeamento estratégico.
"Se não for criado este quadro será mais fácil manipular os dados, mas mais difícil delinear uma estratégia mais eficaz que garanta um ambiente melhor e mais saudável para todos", sublinhou.


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